Comunicação é papo reto
- Alvaro Bodas
- 27 de jun. de 2016
- 2 min de leitura

Quem trabalha em grandes empresas ou corporações, principalmente na área de marketing e comunicação, sabe como é: comunicados, apresentações, e-mails, reuniões, folhetos, mural, palestras... Quase toda a comunicação no mundo corporativo passa por uma espécie de “filtro”, mas um filtro ao contrário: ao invés de simplificar, complica, e o público ou não entende a mensagem, ou dorme antes de terminar de ler.
Na ânsia de rebuscar seus discursos e “narrativas” - termo muito em moda ultimamente -, com a intenção de dar um aspecto de grandeza e importância à sua comunicação, as empresas recheiam seus discursos com palavras difíceis e extensas, pecam pelo excesso de verbos, adjetivos e advérbios ou usam um tom acadêmico, inacessível à maioria das pessoas.
Veja um exemplo fictício:
“Nossas ações visam promover e incentivar o desenvolvimento sustentável por meio da criação de uma cadeia de valor intrínseca ao nosso negócio, contribuindo para o provimento de alternativas de geração de renda para a comunidade local e sua consequente inserção no mercado de trabalho.”
Ao lado de uma bela imagem no PowerPoint, a frase acima pode parecer espetacular e impressionar na reunião de diretoria. Mas não seria mais simples dizer apenas: “queremos criar empregos para as pessoas que moram perto da fábrica”?
Outra característica da comunicação corporativa é um positivismo e um otimismo exagerados, que em alguns casos beira o ufanismo. Em muitos anos de vida corporativa, aprendi que não se deve exagerar na embalagem. O que ainda vale é o produto. E também não adianta dourar a pílula. Se a notícia que você tem que dar é ruim, dê a notícia ruim e pronto. Mesmo porque, antes de a empresa divulgar essa notícia oficialmente, provavelmente a “rádio peão” já tratou de informar todo mundo. Tentar vender uma coisa negativa como positiva é percebido pelos funcionários como manipulação. Por isso, melhor dizer a verdade, sempre.
Tudo isso causa muitos ruídos na comunicação, o que dificulta a compreensão da mensagem pelo destinatário, seja ele funcionário, fornecedor, investidor ou consumidor. Antes de soltar a sua comunicação, procure ver se ela atende a quatro requisitos básicos:
Contexto: seja direto, mas situe o seu leitor para ele entender a mensagem principal e em que cenário ela está inserida.
Relevância: o que você está dizendo é importante? Ele precisa saber disso?
Concisão: dê o máximo de informações com o mínimo de palavras. E uma palavra curta é sempre melhor do que uma comprida.
Clareza: um texto bem escrito não é rebuscado nem difícil de entender. Ao contrário, qualquer um entende. Lembre-se: se alguém não entendeu o que você escreveu ou disse, o problema é seu.
Por último, para quem quiser saber mais a respeito, recomendo um ótimo livro que dá para ler em algumas horas: “Técnicas de Comunicação Escrita”, do Izidoro Blikstein. Boa leitura!
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